Você já deve ter ouvido a expressão “este vinho é com ou sem madeira”!
Pois bem, vamos falar um pouco do uso das barricas de carvalho no processo de produção de um vinho.
Existem vários tipos de madeira para as barricas de vinho, entre elas acácia, faia, choupo, carvalho, nogueira, castanheiro e cerejeira. Com o passar dos anos, os produtores de vinhos identificaram que as barricas feitas de Carvalho ou Nogueira transmitiam aromas mais adequados aos vinhos nelas contidos.
O Carvalho é o preferido por duas razões: contribui com aromas, de longe o mais interessante, e as propriedades preenchem melhor as exigências técnicas do tanoeiro. A Nogueira, contudo, é susceptível ao caruncho, e é raramente usado hoje em dia.
Há mais de 250 espécies, e nos dias de hoje são três os mais usados, o Carvalho Séssil (Quercus Petraea ou Quercus Sessiliflora); o Carvalho pedunculado (Quercus Robur ou Quercus pedunculata); e o Carvalho branco americano (Quercus Alba).
Algumas análises feitas à composição da madeira mostraram que o carvalho séssil é mais rico em substâncias aromáticas, como a vanilina e a metiloctalactona, ao passo que o carvalho pedunculado, contem principalmente componentes fenólicos, como os taninos.
Dependendo do vinho que se pretende obter (branco ou tinto, com potencial de envelhecimento de médio ou longo prazo, etc.) escolhe-se um carvalho de uma espécie ou de uma origem particular. Todavia não existem regras e cabe ao produtor combinar a sua própria experiência com o conselho do tanoeiro.
O grau de chouffe (tosta) a que as pipas são submetidas têm também influência nos aromas transmitidos ao vinho na fase de maturação.
O carvalho americano vem sendo muito apreciado por inúmeros produtores. Logo os viticultores e enólogos franceses têm sido mais críticos, queixando-se de que o seu impacto no vinho é demasiado forte. Graças a pesquisas pormenorizadas, o carvalho americano pode agora ser empregado com objetivos precisos, o seu preço atrativo torna a decisão ainda mais fácil. Algumas análises mostraram que o carvalho americano contém menos taninos do que o carvalho francês, mas mais componentes aromáticos, especialmente metiloctalactona. As pipas feitas com carvalho americano precisam de um aquecimento longo e forte durante o processo de produção e são usadas para pequenos períodos de maturação (seis a nove meses no máximo), uma vez que a sua influência no vinho poderia tornar-se demasiado dominante, outra característica do carvalho americano, este é mais compacto e menos poroso que o francês. Desse modo, há uma menor entrada de oxigênio na barrica e o vinho tem um desenvolvimento mais lento. E por fim os aromas também diferem entre eles, o carvalho francês, o vinho adquire toques de pimenta, cedro, cravo, entre outros, enquanto com o americano são obtidos aromas como de coco e baunilha. Já com o carvalho francês o vinho evolui mais rapidamente.
Muitas adegas tradicionais tinham em tempos as suas próprias oficinas de tanoaria – hoje em dia frequentemente mostradas como museus – mas atualmente poucas produzem ainda pipas elas próprias.
O uso controverso de lascas ou ripas de carvalho em tanques é ainda oficialmente proibida na Europa, mas são permitidas experiências convenientemente registradas. No resto do mundo, esta forma de aditivo é usada em larga escala, e os vinhos tratados deste modo são vendidos em todo o mundo há algum tempo.
Portanto o uso de barricas americanas ou francesas na fabricação de vinhos, reflete diretamente no resultado final do produto. Enquanto as barricas francesas dão toques mais sutis de madeira, as barricas americanas fornecem mais aromas de baunilha, mas em compensação são mais agressivas ao passar os aromas para o vinho, tornando-se inadequadas para estágios superiores a 10 meses. Para se conseguir características de cada tipo de carvalho, um vinho pode receber estágios nos dois tipos de barricas.
Além do toque amadeirado, de acordo com a tostadura do carvalho utilizado, os vinhos podem adquirir maior complexidade e apresentar notas de café, especiarias, alcatrão, etc.
Porém a complexidade fornecida pela barrica nem sempre é alcançada com sucesso pelos produtores de vinho. Nem todos os vinhos estão preparados para estagiar em madeira. Vinhos mais jovens, leves e frutados não podem ser agredidos com excesso de madeira, porque ela pode sobrepor o sabor de fruta e dominar os outros sabores do vinho. Se isso acontece perde-se o equilíbrio entre madeira e fruta e o resultado torna-se negativo.
Vinhos que têm estrutura o suficiente para suportar madeira, ao passar por esse estágio, têm aparadas as arestas dos taninos. Os vinhos com potencial de envelhecimento, como os grandes vinhos de Bordeaux, por exemplo também tornam-se mais complexos com a madeira, além do que, quando atingir a plenitude de maturação, terão as características da madeira mais atenuadas.